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More than a show performed every evening, Macaquinhos is a happening, an event that tries to give substance to a contentious act. It deploys, in space and time, a form of body art in which the body is conceived more than anything as a political force. United around a shared reflection on north/south divisions, a group of Brazilian artists perform a shared practice. They conceive a “dance” in which the body is envisaged as a metaphor for the world: divided, organised in a hierarchy, governed by relationships of top-down power. The dance in Macaquinhos is organised around the lower part of the body, centred on the anus, that most democratic, but perhaps also most taboo of the human body’s orifices. Far from the stereotypes of a liberated and sensual dance, each performance by Macaquinhos is a desire to form a collective, decolonised body. An artistic and political approach that has been severely criticised in Brazil, it seeks to abolish all forms of hierarchy within a practice that (very) literally confronts taboos. A disorientating work.

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Christophe Slagmuylder, Kunsten Festival Des arts Director (2018)

MACAQUINHOS E O ÓDIO AO SEXO

por Gustavo Bitencourt  (21/11/2015 )

 

"Macaquinhos é um trabalho que, a cada vez que se apresenta, desperta reações muito acaloradas, por parte do público que se interessa e quer saber mais, mas muito frequentemente também manifestações de repúdio. A performance, que surgiu em 2011, e que, segundo o texto de apresentação, “explora a transformação subjetiva do corpo em seu estado limite, através das ações contínuas de paquerar, cutucar, assoprar, procurar e tocar um o rabo do outro”, recentemente foi apresentada na Mostra Sesc Cariri de Culturas.

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Algumas imagens feitas por espectadores se espalharam rapidamente em redes sociais e, como era de esperar, houve manifestações que iam desde o deboche e a surpresa até ódio e desprezo.

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Pudemos acompanhar outras histórias parecidas recentemente. Em julho do ano passado, foram as imagens de uma intervenção do artista Yuri Tripodi na Igreja da Sé, em São Paulo. As reações foram tantas e de tamanha violência que o artista chegou a cogitar mudar-se do país, devido às ameaças que recebeu.

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Em setembro deste ano, imagens da performance Gordura Trans, de Tamíris Spinelli, apresentada na mostra Desfazendo Gênero, em Salvador, tiveram uma repercussão talvez inesperada para os organizadores e a artista. As imagens foram divulgadas pela própria assessoria do evento e, em pouco tempo, haviam dado origem a memes e a diversos comentários, em grande parte, com teor agressivo e violento em relação ao corpo gordo que aparecia nu e coberto em óleo de dendê.

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Em todos esses casos, a nudez ou a exposição de partes do corpo parecia ser o principal motivo de repúdio, e o que fazia com que se afirmasse categoricamente que “aquilo não é arte”.

Arte para desconstruir tabus

Por Roberta Souza  24/11/2015

 

"O vídeo dos atores correndo em círculos enquanto colocavam o dedo no ânus uns dos outros, publicado por um espectador e amplamente compartilhado nas redes sociais, foi o grande estopim para reacender debates antigos: Por que a nudez ainda é um tabu na sociedade? Como o ser humano lida com o próprio corpo? Dá para definir o que é e o que não é arte? Por que e para quem isso importa? ”.

O que abunda não falta

Por Wagner Schwartz  21/11/2014

 

"A Sala Adoniram Barbosa, no Centro Cultural São Paulo, tem 622 lugares. De onde eu estava, no último sábado, 21 de novembro de 2014, não dava para imaginar quantas pessoas ocupavam os espaços vazios desse teatro. Eram muitas, como geralmente não acontece em uma apresentação de peças contemporâneas.

 

Macaquinhos integrava a 22º edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade. Eles eram 10: Alzira Incendiária, Andrez Lean Ghizze, Caio, Daniel Barra, Fernanda Vinhas, Luiz Gustavo Lopes, Rafael Amambahy, Renata Alcoba, Teresa Moura Neves, Yuri Tripodi.

 

Do lado de fora, a fila era grande. As pessoas conversavam sobre aquilo que iria se passar no teatro (e sobre outras coisas). Fomos convidados a acompanhar um trabalho sobre macacos e cus (até aqui, era o que eu imaginava)".

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SOBRE MACAQUINHOS E A MOSTRA SESC CARIRI DE CULTURAS: ARTE OU UMA BÁSICA PEGAÇÃO PÚBLICA COM CACHÊ?

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Uma obra de arte está em seu acontecimento após a elaboração de um pensamento. O que fica é a capacidade de fazer refletir, afinal de contas, este é um dos grandes sentidos do pensar e fazer arte: a abertura de horizontes. Acredito que em pleno Século XXI, estamos munidos, com responsabilidade, de uma liberdade de criação e expressão que perpassa aos conceitos de compreender o mundo apenas com o sentido racional, sentido este, que nos leva a esperar de uma obra apenas o preenchimento de uma lacuna que se refere aos verbos entender e gostar (entendi/não entendi ou gostei/não gostei). Um legado que nos foi imposto pela televisão e suas histórias digestivas com começo, meio e fim lineares.

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Vivemos em uma sociedade na qual o hemisfério norte do corpo (a cabeça) prevalece e, também, estamos rodeados de informação/opinião que não promove a experiência e sim, o afastamento com a mesma. Segundo Bondía (2002), a experiência é o que nos acontece, o que nos toca, o que nos atravessa, o que nos passa e não, o que chegou, o que aconteceu, o que tocou e o que se passou com o outro.

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Tomaz de Aquino
Curador da Mostra SESC Cariri de Culturas 2015.

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